Cruzando as picadas, entrando no mato e sabendo para onde olhar, é possível viajar no tempo, tantos são os testemunhos, vivos e silenciosos, de 13 anos de Guerra Colonial. É o outro lado, menos conhecido por cá, dos que combateram pelos movimentos independentistas, em Angola e na Guiné-Bissau. As marcas indeléveis nos corpos de homens e mulheres que, ainda crianças, pegaram em armas pela FNLA, na região angolana dos Dembos, igualmente nos que combateram pelo PAIGC na Guiné Bissau. Esses são os que falam, com a voz ou com o olhar. O silêncio é dos espaços. Dos cemitérios onde foram sepultados militares portugueses, hoje ao abandono, dos sítios onde a metralha zurziu vidas de todas as cores, das prisões do salazarismo, das memórias caladas. Um silêncio de morte. De muitos milhares de mortes.